(ENEM 2012) A falta de conhecimento em relação ao que vem a ser um material radioativo e quais os efeitos, consequencias e usos da irradiação pode gerar o medo e a tomada de decisões equivocadas, como a apresentada no exemplo a seguir.
“Uma companhia aérea negou-se a transportar material médico por este portar um certificado de esterilização por irradiação.”
Física na Escola, v.8, n.2, 2007 (adaptado)
A decisão tomada pela companhia é equivocada, pois
- A) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado.
- B) a utilização de uma embalagem é suficiente para bloquear a radiação emitida pelo material.
- C) a contaminação radioativa do material não se prolifera da mesma forma que as infecções por microorganismos.
- D) o material irradiado emite radiação de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco à saúde.
- E) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente para que o material não emita mais radiação.
A alternativa correta é letra A) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado.
a) Correta. A exposição de um objeto à radiação dificilmente o torna radioativo (capaz de emitir radiação). Isso porque, um material que possui tal propriedade precisa ser constituído de um núcleo instável, o qual, ao sofrer um decaimento (alterando sua estrutura), emitiria partículas e/ou ondas eletromagnéticas. Sendo assim, para tornar um material radioativo seria necessário irradiá-lo com partículas muito energéticas, por períodos prolongados (para garantir a ação no núcleo) e mesmo assim, ainda dependeria do material que está sendo submetido à radiação. Para a esterilização de materiais cirúrgicos, tipicamente são utilizados Raios Gama ou Raios X, radiações de baixa energia, que não podem tornar um material radiativo. Mesmo que tenham sido utilizadas outras técnicas, a certificação implica na utilização de padrões de segurança que tornam nula a chance de serem gerados núcleos radioativos.
Sendo assim, a empresa está equivocada por temer o risco de emissão de radiação pelo material que sofreu irradiação, pois tal material é incapaz de ter acumulado essa radiação (e consequente emissão posterior).
Vale comentar que, apesar de não tornar o material radioativo, a irradiação é eficaz por causa da transferência de energia para o objeto a ser esterilizado, o qual sofre alteração de propriedades químicas através da quebra de ligações e consequente destruição de estruturas biológicas como o DNA, fato que minimiza a existência de microorganismos no material sujeito à esterilização.
b) Incorreta. Não é necessária a utilização de nenhuma embalagem, visto que o material irradiado não é radioativo.
c) Incorreta. A contaminação radioativa do material só aconteceria caso fosse introduzido no material um elemento radioativo. Da mesma forma, a infecção por um microorganismo depende da introdução desse microorganismo no material, o que torna a afirmação incorreta.
d) Incorreta. Qualquer corpo emite radiação e sua grande maioria em intensidade abaixo daquela que oferece risco à saúde. Entretanto, apesar dessa afirmação estar correta, ela não está diretamente associada ao fato do material ter sido irradiado. Não é, portanto, uma justificativa do equívoco cometido pela empresa, que foi baseado justamente no conhecimento de que o material sofreu esterilização por radiação.
e) Incorreta. Como a esterilização não tornou o material radioativo, não faz sentido dizer que a existência de um tempo entre a irradiação e o transporte foi o responsável pela eliminação da contaminação e isso não seria justificativa do equívoco na tomada de decisão da companhia.