A figura ilustra o movimento da seiva xilêmica em uma planta:
CORREIA, S. Teoria da tensão-coesão-adesão. Revista de Ciência Elementar, n. 1, 2014 (adaptado)
Mesmo que essa planta viesse a sofrer ação contínua do vento e sua copa crescesse voltada para baixo, essa seiva continuaria naturalmente seu percurso.
O que garante o transporte dessa seiva é a
- A) gutação.
- B) gravidade.
- C) respiração.
- D) fotossíntese.
- E) transpiração.
A alternativa correta é letra E) transpiração.
a) Incorreta. A gutação é um fenômeno de perda de água, no estado líquido, a partir de estômatos modificados presentes nas margens das folhas, conhecidos como hidatódios. A gutação é decorrente do transporte de seiva bruta principalmente por meio do mecanismo de pressão positiva da raiz. Esse fenômeno acontece com certas espécies de plantas, em dias muito úmidos e nos quais o solo está encharcado. Portanto, a gutação não é considerada como uma causa do transporte de seiva, mas sim como uma consequência da grande quantidade de água transportada até as folhas.
b) Incorreta. A gravidade não é responsável pelo transporte de seiva bruta. Pelo contrário, a força peso é antagônica à subida da coluna d’água através do xilema.
c) Incorreta. A respiração celular ocorre no interior de todas as células vegetais. No entanto, esse processo bioquímico não está relacionado ao transporte da seiva bruta, e sim à produção de energia para os processos vitais do organismo.
d) Incorreta. A fotossíntese necessita de água para ocorrer, sendo que tal reagente chega até as folhas por meio do transporte de seiva bruta através do xilema. No entanto, a quantidade de água usada na fotossíntese é muito pequena se comparada à quantidade de água perdida pelos estômatos durante a transpiração. Assim, o processo de fotossíntese não garante a subida da coluna d’água pelo xilema.
e) Correta. A ascensão de seiva bruta, que é constituída por água e íons minerais absorvidos do solo, pode ser explicada pela combinação de três processos: capilaridade, pressão positiva da raiz e transpiração, cujo mecanismo completo é chamado de coesão-tensão-adesão.
Na capilaridade, a seiva bruta sobe pelo xilema devido ao reduzido diâmetro dos traqueídes e elementos de vaso, dentro dos quais ocorrem dois fenômenos importantes para a subida da água: a adesão das moléculas de água às paredes do tubo e a coesão entre as moléculas, que se mantêm unidas devido às ligações de hidrogênio. Quanto menor o diâmetro de um tubo, mais alta é a coluna d’água que a tensão superficial consegue sustentar.
Na pressão positiva da raiz, a seiva bruta sobe pelo xilema devido ao aumento da pressão osmótica da solução presente nos vasos lenhosos, resultando na entrada de água, por osmose, no interior dessas células. O aumento de pressão osmótica ocorre devido ao transporte ativo de íons minerais das células parenquimáticas para o interior do xilema. Quanto maior for o transporte de íons minerais para o interior do xilema, mais água irá entrar nos vasos lenhosos e, assim, mais seiva bruta será “empurrada” em direção às folhas.
Na coesão-tensão-adesão (mecanismo conhecido também como teoria de Dixon), a seiva bruta sobe pelo xilema devido ao estabelecimento de um gradiente decrescente de potencial hídrico entre as raízes e as folhas. Esse gradiente é produzido pela transpiração estomática, a qual aumenta a tensão superficial do filme de água nas paredes celulares das células do mesófilo foliar. O aumento de tensão, aliado à coesão entre as moléculas de água e à adesão delas à parede dos vasos lenhosos, “puxa” a seiva bruta para cima. A transpiração é tão importante para o processo de ascensão da coluna d’água através do xilema que cerca de 98-99% da água absorvida pelas raízes é perdida para a atmosfera, não sendo usada nas atividades metabólicas da planta.