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TEXTO I

Nesta época do ano, em que comprar compulsivamente é a principal preocupação de boa parte da população, é imprescindível refletirmos sobre a importância da mídia na propagação de determinados comportamentos que induzem ao consumismo exacerbado. No clássico livro O Capital, Karl Marx apontava que no capitalismo os bens materiais, ao serem fetichizados, passam a assumir qualidades que vão além da mera materialidade. As coisas são personificadas e as pessoas são coisificadas. Em outros termos, um automóvel de luxo, uma mansão em um bairro nobre ou ostentar objetos de determinadas marcas famosas são alguns dos fatores que conferem maior valorização e visibilidade social a um indivíduo.

LADEIRA, F.F. Reflexões sobre o consumismo. Disponível em: . Acesso em: 18 jan.2015.

TEXTO II

Todos os dias, em algum nível, o consumo atinge nossa vida, modifica nossas relações, gera e rege sentimentos, engendra fantasias, aciona comportamentos, faz sofrer, faz gozar. Às vezes constrangendo-nos em nossas ações no mundo, humilhando e aprisionando, às vezes ampliando nossa imaginação e nossa capacidade de desejar, consumimos e somos consumidos. Numa época toda codificada como a nossa, o código da alma (o código do ser) virou código do consumidor! Fascínio pelo consumo, fascínio do consumo. Felicidade, luxo, bem-estar, boa forma, lazer, elevação espiritual, saúde, turismo, sexo, família e corpo são hoje commodities reféns da engrenagem do consumo.

BARCELLOS, G. A alma do consumo. Disponível em: . Acesso em: 18 jan. 2015.

Esses textos propõem uma reflexão crítica sobre o consumismo. Ambos partem do ponto de vista de que esse hábito.

  • A) desperta o desejo de ascensão social.
  • B) provoca mudanças nos valores sociais.
  • C) advém de necessidades suscitadas pela publicidade.
  • D) deriva da inerente busca por felicidade pelo ser humano.
  • E) resulta de um apelo do mercado em determinadas datas.

A alternativa correta é letra B) b) provoca mudanças nos valores sociais.

a) Incorreta. A leitura do texto evidencia que o desejo de ascensão social é responsável por gerar o consumismo. Assim, a alternativa propõe uma relação de causa e consequência, na qual a consequência do consumismo é o desejo de ascensão social, o que não se sustenta com a leitura de ambos os excertos, visto que o desejo de ascensão social é o que impulsiona o consumismo, a sua causa.

b) Correta. O consumismo presente na sociedade atual advém, como mostra Karl Marx, da fetichização dos bens de consumo. Assim, esses assumem qualidades que ultrapassam o caráter material que eles possuem, fazendo com que os sujeitos modifiquem suas relações e comportamentos, por exemplo, em função do que deseja consumir. Com isso, os valores sociais se modificam, visto que “as coisas se personificam” e o código da alma se torna o código do consumidor. Em outras palavras, o ser se mostra intrínseco ao ter.

c) Incorreta. Considerando-se o texto I, é possível afirmar que o consumismo advém de comportamentos induzidos por meio midiáticos que exaltam o consumo exacerbado de bens materiais. Porém, o texto II não aborda a temática da publicidade como influenciadora do consumismo, o que impede que a alternativa seja correta, visto que era necessário considerar a temática de ambos os textos.

d) Incorreta. A reflexão proposta por ambos os textos, faz com que o leitor seja capaz compreender que o consumismo é resultado da necessidade do indivíduo de “ter”. Assim, a felicidade não impulsionaria o ser a consumir, mas seria um resultado do consumo. Ademais, é notável que somente o texto II aborda, rapidamente, a temática da felicidade, mostrando que essa, assim como outros fatores, como saúde e família, são reféns do consumo que se instalou no modelo de sociedade no qual estamos inseridos.

e) Incorreta. Assim como foi proposto na alternativa C, a reflexão sobre o consumismo abordada no texto I não traz para a discussão o apelo mercadológico em determinadas datas. Ao invés disso, o texto discute a influência que a publicidade possui de forma menos restrita. Além disso, é importante ressaltar o fato de o texto II não abordar tal temática, o que invalida a alternativa.